sexta-feira, 18 de abril de 2008

Se Anália não quiser ir, eu vou só (na Virada Cultural)

Falta só uma semana para o momento anual mais importante da paulistanidade. Se existe alguma coisa que me dá alegria de viver, que me faz esquecer as palhaçadas da vida cotidiana e achar que, vá lá, existe alguma coisa que vale a pena, é a Virada Cultural.
Para uma pessoa como eu, que nasceu às margens do Ipiranga como a Independência (não vamos entrar em detalhes históricos patéticos, por favor), e que ama esta porra desta cidade, não existe evento mais incrível. Milhares de pessoas nas ruas do Centro, correndo de lá para cá, se encontrando na rua, tendo a oportunidade de ver dezenas de shows e espetáculos grátis, tudo ao mesmo tempo.
Ano passado encontrei meu amigo Walter na Praça Dom José Gaspar, onde vários pianistas tocaram para uma platéia de casais sessentões, devidamente acomodados em cadeiras. O som de ótima qualidade, a ambientação, tudo. Walter mora na cobertura de um prédio na Duque de Caxias, em frente à Sala São Paulo. Pode haver melhor companhia para percorrer as ruas do Centro do que um verdadeiro local?
Depois do pianinho, vimos um trecho de espetáculo infantil. Eram oito da noite e muitas crianças brincavam com os palhaços. Depois, percorremos as travessas que foram destinadas à música eletrônica e ao rock. Demos um rolê pela Sé, antes do show que deu briga, atravessamos o Viaduto do Chá - e passamos pela fila monumental para as atrações do Municipal.
Descemos para o Anhangabaú pra ver Clube do Balanço e Erasmo Carlos, um show incrível, lotado, uma lua sensacional, aqueles prédios em volta, e o cara emocionado de verdade de estar ali. O Clube do Balanço, que só tocava em boates, nunca tinha visto tanto público, mandaram bem.
Paramos para reabastecer no Ponto Chic do Paissandu, ali no fundo das Grandes Galerias. Tava lotado, mas logo um amigo do amigo nos colocou pra dentro e pudemos comer um bauru. Aí atravessamos a Praça da República, cheia de grupos de teatro e com uma iluminação que eu nunca tinha visto. A galera sentada no pé das árvores, batendo papo, parecia uma praça de interior.
Chegamos então no baile da saudade/gafieira armado na esquina da Vieira de Carvalho com a rua Aurora, lugar do coração onde trabalhei ano e meio. Um ambiente de boate foi montado bem no cruzamento, com chão quadriculado preto e branco e globo de espelhos. Tinha acabado o show do Cauby com a Angela Maria, mas logo começou uma banda de salsa cubana, do sobrinho do Ibrahim Ferrer, um dos velhinhos do Buena Vista Social Club. Casais gays e héteros dançavam juntinhos, uma galera mais nova pulava em volta do tabladinho, o clima tava muito bom.
O show acabou quase quatro da manhã. Voltei de metrô com um pessoal que conheci ali, morrendo de feliz. No dia seguinte, ainda fui no Parque Vila-Lobos duas vezes assistir concertos, que rolaram o dia inteiro.
No jornal de segunda-feira, tudo que tinha saído era a briga que deu no show dos Racionais. Soube por uma amiga jornalista de uns bastidores que mostram bem como funciona a "coisa". Praticamente nenhum veículo de imprensa cobriu o evento. Vi vários fotógrafos de jornal, mas não tinha mesmo equipes de TV. Parece que uma jornalista que estava com a própria câmera gravou a briga e foram essas as únicas imagens existentes do evento. É claro que quem não foi achou que a noite foi uma grande pancadaria.
No dia seguinte, um amigo meu que também apostou no evento escreveu um e-mail sobre a noite dele, que foi parecida com a minha. Azar de quem tem medo, uma lástima. Só vão saber da parte ruim, se existir. Se não acontecer nenhuma tragédia, ninguém vai saber de nada.
Mas vamos ao que interessa: este ano tem a Cesária Évora, várias cantoras que eu gosto no palco das meninas, vai ter a gafifa de novo na Vieira, o pianinho, dança, mais um monte de coisa. No palco do rock, a banda mais paulistana de todos os tempos, Ultraje, a galera do rap tem Afrika Bambaata no Palácio das Indústrias. Nem vou falar mais que tem a programação completa no site. Mas tenho que puxar a sardinha pro nosso lado e dizer que o pessoal do Festival de Curtas armou uma programação sensacional de curtas, que vão ser exibidos numa mega tela em frente ao Municipal. Meio que o que rolou na abertura do 15º Festival, quando as pessoas ficaram vendo filmes sentadas na escadaria, que funcionou como uma arquibancada.
Bom, eu chego sábado no final da tarde, sem hora pra sair. Afinal, a Orquestra Imperial só toca na tarde de domingo, né?

2 comentários:

Sill disse...

Nossa Liz, que delícia de relato! A imprensa não apareceu pq tava preocupada c outras tragédias q dão mais IBOPE... Tb tava querendo ir ver algum concerto. Quem sabe nos encontramos por lá! bj Sill

Anônimo disse...

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