terça-feira, 31 de março de 2009

A arte de rogar pragas

A certa altura do filme holandês "A excêntrica família de Antonia", a protagonista intimida um canalha com uma espingarda, mas em vez de atirar nele, roga a melhor maldição da história do cinema. O homem vai encolhendo, encolhendo e se não foi a praga que pegou, a valentia da mulher serviu para contaminar os outros homens que fizeram o trabalho sujo.
No sábado a gente estava falando sobre isso. Em vez de qualquer xingamento ou até atitude revoltada, melhor desejar uma fortíssima diarréia para o motorista de ônibus que não pára no ponto. Ou para o moleque que finge estar dormindo no banco de idosos.
Tem pessoas, porém, que precisam mesmo é de uma bendição. Tem gente que, para aprender, precisa ser surpreendido por uma boa ação. Caso contrário, vai continuar se fazendo de vítima e achando que o mundo é um carrasco.
Quando pedi demissão de certo emprego, saí de lá desejando que a minha chefe fosse para outra empresa muito melhor e percebesse que é possível tratar os funcionários com mais respeito e peitar a chefia quando necessário. Parece que a praga pegou, só espero que a culpa também tenha feito seu trabalho.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Plofitar é preciso

É só começar criar umas certezinhas novas, pronto, elas logo se plofitam. Tipo um castelo de cartas, que a gente vai construindo e quando acha que vai ficar em pé, cai tudo. Ploft!
O bom é que agora não tá dando tempo de aumentar muito, logo plofita e pronto, ploct, pluft, nhoc... adoro jabuticabas!
E como diria a Leila Diniz vedete do teatro de rebolado, "Oooooooooooba!"

quinta-feira, 19 de março de 2009

Anastácia e Bonifácia

Agora que meu pai tem duas filhas solteiras de novo, voltamos a fazer uns programas que fazíamos na adolescência. Além de irmos para o sítio com eles e às vezes sair para comer, temos feito algumas viagens. Agora estamos combinando de ir de novo para Campos do Jordão, para onde íamos todo ano, os quatro. Na hora de fazer a reserva, é aquela coisa: um quarto conjugado para quatro, ou dois quartos, um com duas camas de solteiro. Fiquei imaginando a pessoa do outro lado da linha, perguntando os nomes das pessoas, e meu pai dizendo: - Sou eu, minha esposa, e minhas filhas Anastácia e Bonifácia. Viajar com os pais nessas alturas do campeonato parece coisa da família da Cinderela...

terça-feira, 10 de março de 2009

Twitter

Eu tenho um twitter, para minhas frases de efeito e engolidinhas rápidas de água.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Cegonha desorientada

Cada vez que faz um calô senegalesco (tks, Van) como o desses dias, mais me convenço de que a pobre cegonha que me trouxe perdeu a rota. Vejam bem, eu tenho uma alma nórdica. Ou pelo menos temperada. E me colocam num corpitcho soteropolitano que come o pão que o diabo amassou cada vez que o termômetro passa dos 30 graus.
Sem contar o mal-estar e a pressão baixa, meus pés hoje ficarão tão molhados que não conseguia andar pela rua e precisei tirar a sandália pra chegar no carro. Nas ladeiras de Perdizes, não conseguia nem parar em pé.
Já me pergunto o que será de mim na menopausa. Melhor realmente começar a pensar em voltar para meu lugar de origem, enquanto o frio ainda existe.

Minha vida no jornal

Há dois ou três anos eu assinava a Folha e tinha várias novas amigas de 20 e poucos anos. Ainda tenho essas amigas, mas agora minhas novas amigas têm todas mais de 50. Assinei o Estadão.

terça-feira, 3 de março de 2009

O cortiço versão classe média

Já faz um tempo que eu queria escrever uma carta para todos os meus vizinhos aqui do predinho. São 16 apartamentos, mas nem todos estavam alugados, então devem ser uns 12 conjuntos de pessoas. E a minha janela, a do apartamento 1, dá exatamente para a calçada em frente. E tem um murinho muito propício a bate-papos de final de tarde e grupinhos de amigos. Acho realmente muito legal quando chego em casa mais cedo e tem vários vizinhos sentados conversando. Mas a maioria dos vizinhos não tem ideia do que eu ouço do meu quarto à noite.
Tem uma vizinha que separou de um cara que tem uma voz de Darth Vader bêbado. Ela tem uma voz ótima e parece estar sempre por cima da carne seca, quando começa a bater boca com o ex- e dizer como ele é um bosta. Mas depois de quase duas horas de quebra-pau, ela sempre chora.
Outro dia parece que ouvi o mesmo Darth Vader discutir um tempão com outro cara, a impressão que deu era que o outro tinha roubado uma garrafa de pinga ou coisa que o valha. Não devia ser o mesmo cara... Mas era mala e sem noção igual.
E tem os que ficam esperando a carona e falando no Nextel. Eu ouço não só a pergunta como a resposta.
De todos eles, os piores são, é claro, os de cima. Um dia vou poder dizer para o menininho que hoje tem uns dois anos e grita como os progenitores: não existe ninguém, além do seu pai e da sua mãe, que saiba mais da sua vida do que eu. Eu não te carreguei no colo, mas ouvi sua concepção.

O fim do término

A TV a cabo acabou, né não? Depois que a Sony começou a passar filmes básicos que já estão na prateleira de dorreal da minha locadora, perdeu tão a graça. Será que os seriados vão acabar? Depois daquela greve de roteiristas, agora só tem reality. Ou o mesmo filme que passou na Globo na hora do almoço do domingo. Afe...
Não tem nada pra ver na TV e a festa do prédio novo tá comendo solta. Mal sabem os novos moradores como eles já incomodaram a vizinhança. Primeiro eram as fofas meninas-placa, que eram coletadas em todas as periferias da cidade e despejadas aqui na frente aos domingos às 7 da manhã. Elas ficavam batendo boca até abrir o mercado, depois comiam e deixavam todo o lixo na porta da vizinha da frente. Duas semanas disso e fui reclamar com os corretores, e ninguém ainda tinha reclamado. Não acreditei.
Daí a obra, aquela delícia. Com essa história de caminhão não poder circular de dia, os caras no final estavam trazendo material de construção no meio da madrugada.
E agora, para coroar com chave de ouro a muralha que se ergueu em frente à minha janela, luzes coloridas e muita música pop, numa festança pra receber essas pessoas que não podiam viver sem quatro garagens. Quem será essa gente?