quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O tao da espera

Eu não gosto de esperar. Não sei se alguém gosta, mas eu não gosto. Faz duas semanas que eu praticamente não faço outra coisa além de esperar. Me assombro com a minha própria capacidade. Não gritei. Não dei piti ao telefone. Quase nem chorei. Pouco perdi o sono. Até ganhei uma cartela de "boa noite cinderela" de uma amiga insone e nem usei.
Apesar de já estar bem próxima da cura, tanta espera me fez ver que um certo trauma ainda persiste. O mundo me fez assim. Não foi uma nem duas vezes que liguei para saber por que o ser humano estava atrasado e o ser humano não atendeu. Ou tinha esquecido completamente.
Comecei a tentar confirmar antes. Para não correr o risco de ficar pronta na sala esperando e passando fome. Mas não adiantava confirmar de manhã, porque até a hora da história o ser humano podia ter se esquecido de novo. Aí eu precisava ligar/mandar email/smssar mais de uma vez. E fazer papel de louca.
Eu sei que não é o caso. Eu tenho certeza de que não é o caso. Mas além da espera ainda tem o suspense. E essa combinação desafia todo o treinamento zen a que venho me submetendo nos últimos anos.

Coisa de mãe

Minha mãe não é judia, está longe de ser superprotetora. Esses dias a levei ao médico e no caminho saiu um papo de QI. Ela comentou que o QI médio fica entre 95 e 115 e lembrou que eu tinha feito um teste de QI na infância, com uma psicóloga amiga de alguém que precisava treinar.
"Eu me lembro", respondi. "Eu tinha uns sete anos." Minha mãe, que está perdendo a memória, lembrou do resultado do teste, coisa que eu não me lembrava. "Tô acima da média, então, né?", comentei. Sabe o que ela respondeu? "Xi, mas será que ainda vale?"
Depois não sabe porque a gente tem problema de auto-estima.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O que eu ia ser quando crescer

A maior viagem em termos de "o que eu quero ser quando crescer" foi lá pela quinta ou sexta série, quando achei que queria ser dentista.
Meu primo apareceu em casa nas férias com uma maleta cheia de moldes de aparelho e instrumentos velhos de dentistas. Ele deve ter passado uma semana lá em casa e nesse meio tempo a gente ficou cutucando os moldes, furando cáries e cobrindo de novo com gesso.
Daí que essa brincadeira que talvez tenha mais a ver com escultura do que com odontologia me fez achar que poderia ser dentista. Mas não, né? Isso foi viagem mesmo.

Sonho de infância

Estava lendo no blog Tantos Clichês, que descobri hoje, que a moça sempre quis ser professora, desde pequena.
Eu brincava de professora. Mas minha prima e eu brincávamos mais de banco. A gente tinha um caderno com entradas e saídas e roubava formulários de depósito de todos os bancos possíveis.
Antes de ir para a casa dela nas férias, eu passava em todas as agências bancárias no caminho entre a escola e o ponto de ônibus e pegava os formulários. Quando eu chegava lá no interior, a gente ia na papelaria e comprava DARFs de todas as cores. Aí passávamos as férias todas nos divertindo com a burocracia brasileira.
Não sei quando foi que achei que não levava jeito pra essa coisa de planilhas e administração. Já fui meio relaxada, mas hoje minhas planilhas são um primor.
No fundo, sempre quis mesmo é administrar uma papelaria, cheia de lápis e canetinhas de todas as cores, papeis de carta, pastas, cadernos. Não sei o que seria de mim hoje, com essa oferta insana de produtos chineses. Eu ia pirar!
Sempre gostei de ler e escrever, mas acho que gostava mais de ir na papelaria.