Por falar em placebo emocional, vou tentar explicar esse conceito por mim desenvolvido com um exemplo. Sabe aquele filme com o Jack Nicholson e a Helen Hunt, "Melhor é impossível"? Tem o Greg Kinnear, que faz papel de um gay.
Lá pelas tantas, o coração do Jack Nicholson tá começando amolecer e o casal to-be arma uma viagem para levar o Kinnear à casa dos pais. No meio do caminho, o Jack Nicholson pisa na bola, seguindo seus instintos masculinos mais baixos, e ela é obrigada a se refugiar no quarto do cara que se revela um dos melhores placebos emocionais da história.
O cara não só dá o colo que ela precisa, como levanta horrores a auto-estima dela e ainda a faz morrer de rir. Veja se não é um exemplo crasso de placebo emocional. E não é nada além disso, porque ele não está interessado nela e ela sabe que daquele mato não sai coelho. Mas tudo bem, porque funcionou num momento específico e pode ser que nem role de novo.
Em geral, os placebos da vida real não são tão completos assim. Eu preciso de vários para suprir uma série de necessidades que vão além da amizade. Os amigos em geral suprem minha carência de ombro para chorar as pitangas, companheiros de balada e cobaias para a minha comida.
Mas os placebos ocupam funções muito particulares. Por exemplo, um amigo gay às vezes ia dormir em casa quando não tinha como voltar de festas. Aí como só tinha espaço na minha cama, a gente dormia junto e eu acordava 50% mais feliz, como se tivesse dormido com um namorado, porque a gente ficava conversando até de madrugada sobre a vida, o universo e tudo o mais e isso me é praticamente 50% da alegria de ter um homem pra chamar de seu.
Depois tem aquele placebo a quem você pode recorrer com intenções mais sórdidas, a coisa acontece e cada um vai embora sem maiores. Não rola constrangimento, tudo se resolve ali mesmo e os dois deitam a cabeça no travesseiro e dormem, cansados, não importa se juntos ou separados.
Só pra ressaltar: o cara cumpre um papel que pode interessar só a você, curte junto e só. Em outros momentos, você pode ser amigo dessa pessoa e desenvolver atividades mutuamente agradáveis. Mas os placebos emocionais são, em última análise, funcionais. E, por princípio, não costumo dormir com meus amigos.
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