quarta-feira, 29 de julho de 2009

Inspiración porteña

Todo el universo adentro
Y afuera me miro desde lejos
Veo a mi hacia abajo

¿Y qué?

Nada, me parece
A lo mejor
Más tango que samba

quarta-feira, 22 de julho de 2009

No fun

Se, ao acordar, a primeira coisa que lhe vem à cabeça são tópicos da teoria do Mochileiro das Galáxias, você sabe que o dia não vai ser bom.
Lembrei que a humanidade é formada pelos sobreviventes da nave que transportava contadores e secretárias pelo espaço, despachados sem que ninguém se preocupasse onde a nave ia pousar.
Que o sentido da vida é 42.
E que, a qualquer momento, a Terra pode sumir para dar lugar a uma super highway espacial.
E se ao pensar em super highway você ainda se lembra da música dos Engenheiros do Hawai, aí vem a certeza de que o dia, oh, céus, será digno do Marvin.
Nesse dia você acaba tendo de tomar café em pé no posto de gasolina, antes de sair pra fazer uma entrevista com o homem mais mal humorado que o homem mal humorado de Holloway, lá no Jardim Japão.
Ainda bem que eu levei meu CD do Iggy Pop. Entre "Lust for Life" e "Candy" berradas na Marginal Tietê, já fiquei bem mais calma e perdi a vontade de morder a cara do cliente. Deu tudo certo!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Não vai ser dessa vez

Lá no Triássico, eu era casada e tinha casa, cama queen size, geladeira prateada, empregada chamada Maria, calha, caixa d'água, vizinhas esclerosadas e duas cachorras. Tudo se enxaixava perfeitamente. Fazia parte de um quebra-cabeças de mil peças chamado família.
Daí a geladeira prateada quebrou, a caixa d'água transbordou, eu me mandei, outra pessoa assumiu a cama queen size e o eventual desentupimento das calhas e as cachorras que eu tanto amava continuaram fazendo parte daquela família, da qual eu não fazia mais parte. Foi como se tivéssemos feito aleluia com as mil peças.
Desde então, sempre penso na hipótese de voltar a ter um bicho. Mas não consigo pensar neles sem todo esse contexto.
Minha amiga ontem me apresentou oficialmente essa gatinha fofa, que eu pensei em chamar de Mirtes (a ideia inicial foi da Maria, e eu adorei). Mas o quebra-cabeças de hoje é daqueles simplinhos, com peças grandes e cartonadas. Não que ele esteja completo, mas essa peça não encaixa.
Acho que não vai ser dessa vez que vou ter um bicho chamado Mirtes. Mas se alguém se interessar, ela vem castrada, vermifugada, prontinha pra fazer parte de um quebra-cabeças em que uma gatinha preta de olhos verdes pode ser justamente a peça que estava faltando.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Do lar

Fico pensando como é que alguém consegue ser poeta vivendo essa vidinha prosaica de hoje. Estava toda imbuída, pensando em amigos mortos, amigos ressuscitados, na mãozinha da minha afilhada me chamando para brincar, em tudo de amor e morte que aconteceu nos últimos dias. Fiz um verso lindo.
Tentava continuar o poema quando a panela começou a espirrar óleo pelo fogão todo, uma sujeira danada. Foi-se embora o verso, na tentativa de minimizar os danos, e só restou essa ideia, esse post sem muita graça.
Mas o atum importado (dolphin free) que comprei na Casa Flora estava uma delícia, e o macarrão ficou ótimo. Acho que meu lugar é mesmo na cozinha...

domingo, 5 de julho de 2009

Meus olhos quando semente de sequoia

Esses dias, um amigo me disse:
— Por favor, toma cuidado...
— Por quê?
— Seus olhos, seus olhos já estão daquele jeito!
— Que jeito?
— Daquele jeito, que a terra não há de comer, porque na hora que eles caírem na terra vão nascer duas sequoias.
Ninguém poderia ter definido melhor. Meus olhos sementes de sequoia exaurem minhas forças, guardam energia para viver trezentos anos, se fixam na terra e lançam raízes.
Se o terreno mais uma vez não for fértil, a semente não brota e ganho mais uma cicatriz. São tantas...