Muita gente diz que São Paulo é uma cidade fria, gigante, que engole as pessoas. Para mim, é muito pelo contrário. Passando hoje pela esquina da Brigadeiro com a Paulista, lugar que freqüento desde criança, lembrei de já ter pensado no quanto isso é mentira.
Meu pai sempre trabalhou por ali, e hoje mora bem perto dessa confluência. Ele tem conta na banca de jornal, conhece todas as meninas do café, paga fiado na padaria. Já teve conta na ótica, quando as fotos eram em papel e ele mandava os filmes para revelar. As pessoas o cumprimentam na rua. Eu também morei ali perto e foi uma das fases mais legais da minha vida.
Claro que meu pai é uma pessoa do interior, que tem facilidade para se enturmar. Mas se alguém não se enturma, não vamos culpar a cidade, né? No prédio onde tenho escritório, há um café. Todo mundo se conhece, desce junto para o café à tarde. Grupos se formam, pessoas ficam amigas e levam isso para fora de seus locais de trabalho.
Outro dia estava num bar com uns amigos e junto estava um casal que hoje mora nos Estados Unidos. Foi chegando gente, o garçom foi dando um jeito, e lá pelas tantas tinha mais de 20 pessoas numa mesa para 8. Todo mundo encostado, ombro a ombro. O cara comentou que isso nunca aconteceria nos Estados Unidos, onde uma reunião para seis pessoas é festa.
Fato é que, seja em São Paulo ou em outras cidades brasileiras, as pessoas se enturmam. Talvez a diferença seja que aqui todo mundo se conhece no trabalho. Em cidades pequenas, pode ser que seja na missa ou na praça. Em lugar de praia, na praia. Não é melhor nem pior. É só São Paulo.
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