domingo, 11 de maio de 2008

Histórias de avô

Eu tinha essa avô que era realmente muito engraçado. Ele não falava muito, mas gostava de fazer umas molecagens. Dava a bala de leite puxa-puxa que minha avó fazia para o cachorro, só pra ver o bicho ficar um tempão mastigando e tentando se livrar daquilo. E tinha umas frases de efeito e umas expressões que deixam minha tia ainda fula, só de lembrar.
Quando alguém mais novo fazia alguma bobagem, ou se metia a besta, ele se referia à criatura como "você, com o umbigo cheirando a óleo". Muito antigo isso, tem a ver com o óleo que se passava no umbigo do recém-nascido. Era muito petulante.
Outra expressão era "barriga cheia, goiaba tem bicho". Ou seja, quando você coloca muita comida no prato e depois inventa uma desculpa, dizendo que a comida tá ruim. Criança é mestre de fazer isso e meu pai, reza a lenda, tinha o olho maior do que a barriga. Sempre queria o maior pedaço de doce, até que meu avô o fez comer uma goiabada inteira depois de uma cena com a minha tia. Não adiantou nada, meu pai não aprendeu a lição e ainda é bem guloso.
Mas tem uma frase que deve ter influenciado muito os netos – se estivesse vivo, meu avô só teria uma bisneta, minha afilhada Laurinha, que só veio depois da minha prima muito pensar e analisar. A frase, uma das que minha tia mais odeia, é "depois que filhos tive, nunca mais barriga enchi". Cruel.

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