Eu me vejo lá, num corredor super claro, no apartamento mais masculino que já fui. Numa sala, bateria e outros instrumentos musicais. Noutra, um autorama gigante. Cinco minutos antes, estava sentada no braço do sofá, olhando para a minha vizinha que conversava com dois meninos. Hic. Hic.
Olhei para um deles, 20 e poucos anos, e disse: “Estou com soluço. Faz esse soluço passar”. Assim, sem ponto de exclamação. Ele me pegou pela mão e me levou até o corredor, e ali me beijou meio afoito, mais dente que língua. Terapêutico. Passou na hora.
Meia hora antes estava no casamento do meu melhor amigo de faculdade. Segundo casamento, verdadeiro, maduro, felicidade que só. Muitos da antiga turma também estavam no segundo casamento. Meu ex inclusive. Não sabia se ia e de repente estava lá, com a nova mulher, dez anos mais nova que eu. Outros também, da mesma turma só de homens, tinham trocado as mulheres da turma por outras, a maioria mais novas.
É porque chega uma hora que eles param no tempo. E a gente envelhece sozinha. No que parou, vai encontrar a felicidade naquela que fomos, muitos anos antes. E nós nos vemos em corredores claros ou quartinhos escuros, sem nos atrever a perguntar a idade do outro.
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