Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Uma das melhores coisas a se fazer nesses dias é cozinhar coisas bem complicadas. No domingo, fiz gnocchi. Um atrevimento. Por isso é que fiz sozinha, pra mim, sem alarde. Depois que minha avó adoeceu, ninguém mais se tomou dessa ousadia. Foi com um misto de medo e rebeldia que procurei a receita na Internet. Mais rebelde fui ao trocar as batatas por mandioquinhas.
Encontrei a de uma banqueteira famosa, confiável. Descasquei as mandioquinhas. Botei para cozinhar. Bati no processador. Passei para uma vasilha e começou então a parte difícil, que é dar ponto na massa. Pouca farinha, não dá para enrolar. Com muita a massa fica dura, pesada. Amassei, amassei. Não fiquei muito confiante, mas arrisquei.
Fiz os rolinhos, fui cortando. Essa é a parte terapêutica, mas exige um pouco de prática. É como brincar de massinha, mas depois de anos sem a prática os rolinhos ficam achatados, feinhos. Cozinhei aos poucos, como manda a receita e não como fazia minha avó, que era bem experiente mas um tanto imprudente. Tudo com ela era rápido, nunca perfeito. Delicioso, nunca lindo.
Ficou bom. À noite me enchi de coragem e levei para duas amigas experimentarem. Elas aprovaram. Mas ainda não é o gnocchi da minha avó. Quando a batata conspirava a favor, eles quase saíam voando da vasilha de tão levinhos... Um dia eu chego lá.
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