Até os 30 anos, eu sinceramente achava que TPM era uma invenção da revista Nova, um charme de mulher que queria variar a desculpa quando não estava a fim, ou que buscava uma justificativa biológica para seus pitís. Eu também não tinha cólica e achava isso uma grande frescura. Até que um dia tive e me dei conta de que já tinha sentido aquilo antes, mais fraquinho, e duh! aquilo era cólica. Depois dos 30, também descobri que TPM existe, é mala, faz a gente chorar ou ficar irritada, não é nem um pouco legal.
Hoje todo mundo também sabe que existe, mas o que era pra ser uma explicação racional e lógica para muitos problemas emocionais virou (mais) uma forma de desautorizar a mulher. A gente, é claro, é parcialmente culpada. Porque se a qualquer momento lançamos mão da TPM para justificar o que dizemos ou fazemos, estamos autorizando os outros a jogar isso na nossa cara. O resultado é que hoje não se pode mais ficar puta, porque já vem alguém dizer que você está na TPM. Antes se a mulher tava de mal humor, era mal comida. Hoje tá de TPM.
Vários problemas de saúde que antes tinham nomes genéricos se tornaram diagnósticos. Antes os idosos ficavam esclerosados. Hoje têm Alzheimer e uma série de doenças neurológicas diferentes. Mas enquanto isso não signfica um tratamento eficiente, são só termos médicos que caíram na boca do povo. Muitas vezes, são só especulações e portas abertas para o preconceito.
Por isso estou dando início à campanha "TPM não existe, é uma invenção de Nova". Acho que temos de desautorizar novamente a TPM para reinventar nossa fúria de uma maneira mais equilibrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário