terça-feira, 3 de junho de 2008

There is a hole in my heart for so long

A imagem que me vem à cabeça de vez em quando é a de um buracão, bem no meio do peito, varando o coração. Um buraco asséptico, nada ensanguentado, que eu passo mal com entranhas.
Aí o buraco está lá e fico pensando em como preencher todo aquele espaço, porque dói. Uma pessoa não é suficiente, nem todos os amigos do mundo. A música faz eco, às vezes parece que completa, mas é só impressão.
Aí eu lembro de um game japonês genial, o mais insólito que já vi. Chama Katamari Damacy. A história é assim: o rei ficou bêbado e destruiu várias estrelas. Aí ele manda o filho, que é um bonequinho minúsculo, buscar coisas pra fazer novas estrelas. O hominho chega nos planetas e começa a empurrar as coisas. Elas vão aderindo umas nas outras e formando esferas enormes, de coisas grudadas. Conforme a bola aumenta, ela gruda coisas maiores. Isso inclui gatos e depois golfinhos e até elefantes, que ficam se debatendo ali no meio. Até que a bola engole tudo do planeta e pode virar a nova estrela. A música é ótima, o rei é hilário e o jogo é totalmente nonsense.
Aí cai a ficha que também não adianta ficar juntando coisas, porque não vai caber uma bola cheia de coisas grudadas no buraco. A imagem é justamente essa: o buraco com uma bola dessas meio pra fora, não cabendo, só sendo engraçada, com guarda-sóis, gatos e cones de segurança.
A conclusão que se chega é que precisa crescer carne ali dentro, alguma coisa de dentro pra fora. Às vezes sinto as células se multiplicando, mitoses e meioses, e parece que vai. Devagar, mas vai.

4 comentários:

Beá Meira disse...

Lizandra, esta história do buraco asséptico é muito engraçada. Não tem nem flora local? Então é feito de jade. Porque até o marfim tem Carbono 14. Não há nada asséptico na maldita mixórdia da bio química, desde o caldo quente e da primeira reação auto catalítica. E tudo indica que a invenção do indíviduo se dá com o sexo e a morte.

LizandraMA disse...

Pois é, né? Fiquei pensando tanto nisso que você falou que até demorei pra comentar, Mas é isso mesmo, nada é asséptico, É só porque sou meio nojenta e imaginei um furo assim, tipo naquele filme com a Meryl Streep e a Goldie Hawn, que elas tomam um tiro de espingarda e dá pra ver do outro lado. Mas é de carne sim, por isso que dói...

Beá Meira disse...

Querida Lizandra,
Não quis atormentá-la com meu comentário. Foi só uma brincadeira para fazer a coisa parecer mais leve. Mas o fato é que todos temos que cuidar dos nossos buracos exatamente por que eles são a conexão com o mundo externo.
Não se preocupe a vida é um fluxo e esta dor será passado, num futuro próximo.
Beijos
Beá

Anônimo disse...

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