quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Três livros tristes

A alguns livros se atribui o peso de ajudar a construir personalidades. É um peso grande, mas que muitos suportam. Esses três são só alguns exemplos. Aliás, não sou de fazer listas, até porque conheço minha volubilidade. E nesses tempos de vida adulta – quando as dúvidas são muito mais fortes do que as certezas – é melhor não ser categórica. Mas existem livros que acho que vão permanecer na lista dos fundamentais, seja lá que tamanho ela tenha no fim da vida.
Um, de que não me lembrava há tempos, mas voltou esta semana, é "O fio da navalha", de W. Sommerset Maugham. No cinema, o personagem principal é interpretado pelo Bill Murray, o que me causou risadinhas, porque, convenhamos, o cara é muito engraçado. Mas segurou a onda.
Outro, que ganhei do ex – devo dar o crédito porque o livro realmente é muito bom – é "Norwegian Wood", de Haruki Murakami. Só os japoneses entendem o suicídio, só eles. Tem um trecho que fala sobre um poço oculto, sem fundo, escondido no campo. Volto a ele a cada instante, a toda hora, queria transformá-lo num roteiro de curta.
E hoje estou terminando de ler a descoberta mais recente e mais incrível que é Doris Lessing (e agradeço, mais uma vez, à Raquel pela apresentação). Ainda não me aventurei por seus livros de ficção científica, mas estou terminando "The sweetest dream", recentemente traduzido pela Companhia das Letras como "O sonho mais doce". Conta a história da segunda metade do século 20 e de todas as suas contradições a partir de três gerações de mulheres. Minha descrição é pífia perto da habilidade que ela tem, da simplicidade e clareza do texto, da construção de personagens sem muita descrição. Lindo. Chocante. Destrói sonhos, mas constrói vidas.
É bom ser adulta. A gente agüenta.

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