Não que eu não seja realmente fã de Harry Potter. Estou com o volume 7 no meu criado mudo para ler e não tenho coragem de começar, porque sei que é o último. Tenho esse problema grave, quando vai chegando o fim de um livro que estou adorando, começo a lerdear. Mas há livros de fantasia muito mais complexos entre o céu e a terra do que as obras de J.K. Rowling.
Tem a trilogia de Philip Pullman, que virou filme com Nicole Kidman e Daniel Craig, e estréia agora no final do ano – “A bússola dourada”, primeiro volume da série. Medo terrível de imaginar o que fizeram com uma das séries mais inacreditáveis que já li, Fronteiras do Universo. Não seria muito dizer que os livros foram mais eficientes, para mim, para pensar no sentido da vida, do que todos os meus anos de escola de freiras. O diretor fez “American Pie”, que eu não vi e não gostei. Mas pode ter havido um milagre. Vou ver o filme, claro. O site é genial, dá até pra criar seu deamon, que é muito simplificadamente a alma das pessoas, que está sempre ao seu lado em forma de bicho. O meu é um gato selvagem, o que quer que isso signifique. Vou ver, sem dúvida alguma.
As coisas ficam mais obscuras nos livros do Neil Gaiman, que já citei antes. “Coraline” é uma história infantil, fofa, mas bem darkzinha. Ela se muda, abre uma porta e lá está, em um mundo paralelo, com pessoas que parecem conhecidas, mas são seu avesso. Agora estou acabando de ler “Lugar nenhum”, o primeiro livro dele, que mostra um mundo paralelo nos subterrâneos de Londres. Nem tão infantil, mas muito sombrio, cheio de metáforas e trocadilhos (que eu confesso que gosto).
E ainda espero ansiosa que Clive Barker, Mr. Hellreiser, termine a trilogia Abarat. O primeiro volume das histórias da menina que vai para o mundo em que só existem ilhas e cada uma delas é, o tempo todo, um horário do dia, saiu em português, pela Cia. das Letras. A editora nem se mexeu para traduzir o segundo, que já li emprestado, em inglês mesmo. Só que o peste do autor não terminou a história, até porque os livros são todos ilustrados por ele mesmo, em verdadeiros quadros surreais e hipercoloridos, pintados a óleo, lindos de morrer. Os direitos já foram comprados para filme e o vilão é um dos seres mais inacreditáveis já inventados.
Sempre mundos paralelos, sempre histórias de fantasia. De onde saem essas idéias? Como alguém pode ter uma mente tão fértil? E por que essas histórias são tão fascinantes? Não sei responder as primeiras, se tenho talento para a ficção ainda não descobri. Mas para a última, parece que a epígrafe de “Coraline”, de G.K. Chesterton, é uma boa explicação:
“Contos de fadas são a pura verdade: não porque nos contam que os dragões existem, mas porque nos contam que eles podem ser vencidos”.
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