domingo, 16 de dezembro de 2007

Damas do lotação

Shortbus (John Cameron Mitchell, 2006) foi a minha grande e grata surpresa cinematográfica do ano. Como diz meu homeopata, nada é por acaso, então não foi coincidência assistir o filme logo depois de ler alguns livros sobre mitologia grega.
O filme começa com trepadas e cenas eróticas explícitas variadas, de três casais, um deles gay. O casal gay está em crise, e vai a uma terapia de casal. A terapeuta, que faz parte de um dos casais do começo do filme, acaba se abrindo com eles e diz que nunca teve um orgasmo.
Eles então a levam ao Shortbus, um tipo de casa de suíngue para todos os públicos. As pessoas podem ficar juntas na mesma tribo, ou não. Mas tem espaço para todos e o clima é tão legal que eu e uma amiga ficamos encantadas com a idéia. O filme é erótico sim, mas ninguém está ali de passagem. Todos estão buscando alguma coisa, e não há nada de fútil. Todos ali são iguais na sua diferença.
Não há muito o que dizer sobre o filme, em geral meus filmes preferidos me deixam sensações e não falas.
Mas onde entra a mitologia grega? Bom, pouco antes, tinha descoberto um professor de mitologia grega, Viktor Salis, que dei um jeito de entrevistar. Nada é por acaso, então apareceu uma pauta sobre vinho e, voilà, fui falar com ele sobre Dioniso. Daí comprei outro livro dele, “Ócio criador, trabalho e saúde”, onde ele diz:
“... as termas eram cuidadas e mantidas por mulheres, sacerdotisas de Afrodite, ou Vênus, em latim. Tinham grande cultura e dedicavam-se também a cuidar das pessoas que as freqüentavam. Seu nome, em latim, era putae, e deram origem à palavra ‘puta’, com significado bastante diverso, como observamos.
E por que isso ocorreu? Simplesmente porque essa palavra derivou de publis, que queria dizer público e estava associada com a palavra púbis, cujo significado é idêntico tanto em latim quanto em nossa língua. Em outras palavras, as sacerdotisas cognominadas putae não eram prostitutas como o nome mais tarde passou a sugerir, mas mulheres de grande cultura e dedicadas à vida pública, o que poderia eventualmente incluir uma relação erótica com alguém de sua escolha.”
Entre tantas idéias empreendedoras que ando tendo, abrir um "shortbus com putaes", um puteiro na acepção mais clássica do termo, me parece uma das mais sedutoras.

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