segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Coisas de menino

Ainda não fui ver o Clint, mas já tenho um Top One 2010 e vai ser difícil superar. Melhor primeira sequência, melhor filme de menino, melhor filme de monstro, melhor filme sobre solidão, infância, e por aí vai. "Onde vivem os monstros" é tão sensacional que esse post vai sair totalmente vazio e tiete, com adjetivos vagos e bobocas. Muito diferente do filme, que é a adaptação literária mais incrível que já vi.
O grande drama dos filmes adaptados de livros é fazer caber em duas horas o que geralmente renderia uma novela de vários capítulos. Sou bem fã de adaptações de livros, não faço questão de exclusividade em relação à minha imaginação. Mas nesse caso um livro infantil praticamente sem palavras (nem por isso sem conteúdo) se transformou em uma adaptação sensível e profunda, com uma história praticamente igual, mas com um desenvolvimento brilhante.
E o que é aquela primeira sequência? Não tenho ideia de quanto tempo dura, me pareceu que não passou de um minuto - e você já sabe tudo sobre o menino. Quer saber o que é ser menino? Quer saber o que é testosterona? É aquela descida de escada, mais emocionante do que qualquer cena de ação de carro capotando ou mundo acabando.
O que me faz lembrar de dois outros filmes recentes que gostei, mas que me irritaram deveras com esse espírito destrutivo insuportável que a cultura americana cultiva. Primeiro, a animação "UP". Por que será que até um filme em que o mocinho tem 80 anos e o vilão uns 110, se fôssemos exigir um mínimo de coerência, tem que ter destruição em massa? E não é qualquer destruição: são esqueletos e esqueletos de animais pré-históricos colecionados pelo vilão, um museu arqueológico em plena selva amazônica. E parece muito meigo levar a casa de balões até o lugar onde a mulher gostaria de ter ido, mas aquilo não é uma pilha imensa de entulho? Em cima de uma cachoeira sensacional? Tô longe de ser ecochata, mas vamos e venhamos...
O outro filme é "Avatar". Nem vi em 3D, mas fiquei maravilhada com a direção de arte. A história pode ser batida, alguém comparou com Pocahontas. Tem algumas sacadas incríveis, as cores, aquela árvore, lindo. Mas que saco aquele monte de soldados armados até os dentes... Tão chato quanto coberturas da CNN das guerras idiotas que os americanos fazem por aí. Não que não seja realista, claro que é. O filme tem sua lição e tal. O que é muito mala é esse ser o modelo de diversão possível. Se não houver destruição em massa (Deus abençoe a computação gráfica), não é divertido?
Acho que sempre detestei essa coisa de destruir tudo. Até em desenho animado. Deve ser coisa minha, né? Eu é que não entendo esse tipo de menino.

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