sábado, 8 de março de 2008

O vagão rosa

Coincidências não existem, certo? Bem, ontem de manhã li um post muito bem escrito e argumentado no blog Duas Fridas, de duas jornalistas cariocas, questionando a criação de dois vagões dedicados às mulheres no metrô do Rio.
Entrei por acaso, vinda de outro blog, li, parei pra pensar. É um questionamento importante sobre essa idéia de segregar as vítimas pensando em protegê-las. Não vou nem me estender, porque a argumentação da Helê é tão boa que não carece. Vai lá e lê que compensa.
Vim pro Rio no mesmo dia, pro lançamento do Guia de Festivais, que eu orgulhosamente editei, e depois fomos jantar na Lapa, num restaurante tradicionalíssimo chamado Nova Capela. Conversa vai, conversa vem, comentei que tinha tomado o Metrô e a Beth lembrou dos tais vagões rosa. Claro que na hora citei o post e disse como achava um absurdo essa história, como nunca me senti contemplada pelo Dia da Mulher, como acho que esse tipo de coisa reforça a vitimização.
A Zita argumentou que isso é um paliativo, mas na prática pode ajudar quem realmente se sente mal. Enfim, também. é verdade, mas realmente o problema é mais embaixo, é falta de respeito humano, é selvageria. Prova disso é que na sequência todo mundo começou a contar histórias. Estávamos em seis mulheres e todas tinham alguma história de assédio para contar. Não eram só gritos de "gostosa" na frente da obra (o que também é péssimo e me deixa puta da cara). Eram histórias de homens de pau pra fora, de encochamento, de masturbação explícita.
O primeiro pinto que eu vi foi assim, de um sujeito que me parou na rua, dentro de um carro, fingindo querer uma informação. Quando me aproximei, lá estava o bicho pra fora. Eu devia ter uns 12 ou 13 anos. Não foi a última vez, tenho várias outras histórias. Alguém discorda que isso é grotesco? Está na hora de criar caso. Decidi que vou reunir essas histórias. Ainda não sei o que vou fazer com isso. Mas não dá pra deixar barato.

3 comentários:

Aquela disse...

Oi, Lizandra, obrigada novamente pela menção. A idéia de reunir essas histórias é muito boa, precisamos mesmo criar caso ;-)
Aquele Abraço!

Thata disse...

Seria engraçado ver todas essas histórias reunidas... Dá para organizar um livro de terror para assustar menininhas voluntariosas

Alê Mello disse...

Acho que a maior parte do problema é educação, gente sem acesso à educação fica também sem acesso à cidadania e a tudo que esse conceito inclui (respeito ao próximo por exemplo). A menor parte do problema é patologia, mesmo, doença mental...