São poucas as mães que conheço, de filhas da minha geração, que entendem os filhos, e principalmente as filhas, como seres esssencialmente únicos, e não como membros fantasma, aqueles membros amputados dos quais ainda se sente como se fossem parte do corpo. Mesmo que sejam "estudadas", separadas, viajadas. Não é privilégio das nossas mães donas-de-casa, que pararam de trabalhar no dia que receberam o resultado do exame de gravidez, porque não ganhariam o suficiente para pagar quem ficasse com os filhos.
A maioria das mães de amigas minhas sofre desse deslocamento, dessa falta de empatia. Projetam nas filhas uma continuidade de sua forma de agir e ser no mundo, assim como suas próprias mães o fizeram. Conto nos dedos as mulheres na faixa dos 60 anos que admiram o ser humano que suas filhas se tornaram, independente de suas realizações profissionais, sociais, familiares. Somos todas um sonho feliz a qual se despertou antes da hora, de um susto, uma promessa não-cumprida, um espelho quebrado.
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