terça-feira, 15 de julho de 2008

Terça-feira, dia de tomar ônibus

Terça-feira é rodízio, dia que eu faço de tudo pra deixar o carro em casa e ir trabalhar de condução. Sempre levo um livro, claro, mas agora não consigo mais ler em qualquer lugar. Antes viajava de carro pra qualquer cidade de serra lendo o caminho inteiro, enquanto minha mãe e minha irmã passavam mal sem ler, e agora desenvolvi essa limitação. Não consigo mais ler quando sento no banco do metrô de costas. O remédio é olhar as pessoas, né?

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Por que as pessoas usam peruca? E por que o tom sempre puxa para o acaju? Por que, meu deus, por quê??! Em uma edição do Queer Eye for the Straight Guy ensinou-se um moço a raspar careca, depois de ele ter torrado a peruca na churrasqueira, em uma despedida ritual. Muito instrutivo esse programa.

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Mãe e filha. A mãe se senta ao meu lado, a filha pula para o banco reservado. A mãe na hora puxa a menina para seu colo. "Não pode sentar aí. Esse banco é só praquelas pessoas que estão ali no desenho." A menina tem uns cinco anos. Dá uma resmungada, mas olha para os desenhos. "Tá vendo? O que que tem ali?" A menina enrola, e começa: "Um doente, uma grávida, uma mãe com bebê, um velhinho." Então, diz a mãe, você é alguma dessas pessoas? "Não..." "Então não pode sentar aí." Civilidade existe.

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Já reparou que em todos os vagões existe pelo menos uma pessoa lendo um livro da Zíbia? Na próxima encarnação também quero falar com pessoas mortas, que isso dá uma grana.

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O tecido top-one do metrô se chama "oxfórrrde". É assim que as vendedoras das lojas de roupas para moças que trabalham em escritórios pronunciam, com força no R e E no final. Sabe aquele tecido sintético típico das calças e paletozinhos de moças que trabalham em escritórios? Quente no calor, frio no inverno e meio brilhozinho? É esse. Marca celulite que é uma beleza. Inda mais em calça verde água.

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Na volta tem mais.

Um comentário:

Cassia disse...

Creio que ônibus e afins dariam para escrever um "Guerra e Paz"(no volume da páginas e talvez nas batalhas)...Amei a mãe da menininha...Quem sabe haja futuro pra humanidade.