Fiz tudo certinho. Descongelei o peixe, temperei com limão siciliano, pimenta do reino e um tantinho de tomilho. Preparei o creme de espinafre com um pouquinho de noz moscada ralada na hora. Coloquei o peixe entre camadas do creme e levei ao forno. Tudo ficou uma delícia. O único problema é que o peixe estava com gosto de terra.
Não é a primeira vez que isso acontece. Parece que tem a ver com criação em cativeiro. Uma vez um amigo do meu pai foi pescar no Pantanal e nos trouxe um pacu. Acho que é o peixe de rio mais gostoso que tem. É bem gorduroso, então se você rechear com uma farofa de pão ela frita lá dentro e fica crocante. Sensacional. Só que o pacu era de pesqueiro e tinha um baita gosto de terra. Alguém, na época, explicou que o peixe fica estressado e come terra. Outra pessoa disse que é por causa de uma alga que prolifera em água meio parada.
Pesquisei sobre isso e parece que o Sebrae já está ensinando uma técnica para evitar isso em peixes de criação. Claro que seria muito mais legal se a gente pudesse comer tudo do jeito mais natural possível, mas era uma vez um Pantanal se todo mundo tiver de se alimentar de peixe de água corrente.
A simples existência do homem cria essa dinâmica. Toda descoberta e toda técnica detonam alguma coisa, aí precisa inventar uma coisa pra corrigir aquela. Mas não adianta querer voltar à natureza selvagem. Não tem mais volta.
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