O texto anterior já estava escrito há algum tempo, quando eu ainda editava a revista Urbs e comecei a me interessar mais por urbanismo. Me lembrei dele depois da experiência incrível que tive ontem, num elo perdido existente em São Paulo chamado Vila Maria Zélia.
É uma antiga vila operária, construída por uma indústria têxtil que não existe mais, no bairro do Belenzinho. São 4 ruas por 5, com casas que já foram muito mais simples mas que foram sendo reformadas. A cara é de bairro, e não de condomínio. Ninguém é obrigado a pintar a casa de bege. Apesar da portaria, todo mundo pode entrar. Tem uma igreja com missas regulares e um antigo armazém se transformou em residência para o Grupo XIX de teatro. Tem uma praça arborizada, uma cancha de bocha num salão comunitário, um campinho de futebol.
Apesar de ser um verdadeiro enclave, o espírito é totalmente diferente de um condomínio. A maioria dos moradores descende dos operários originais e cada casa que é posta a venda é logo oferecida a um parente. Claro que o isolamento confere segurança às crianças que brincam na rua até tarde da noite, mas o lugar é tão agradável que com certeza segurança não deve ser o fator que as mantém ali.
Um comentário:
Eu passei todos os carnavais da minha infância no Maria Zélia. Esse seu texto me fez chorar de saudades.
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