sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Diálogos Improváveis I - O medo americano

- Eu bem que gostaria de ter um trauma, sabe? Pra mim, trauma é meio de vida. "Ah, eu não dirijo porque tenho um trauma". Medo também. "Ah, não viajo de avião porque tenho medo", "Não atravesso o viaduto porque tenho medo".
- Ah, mas você deve ter algum trauma. Você não é normal...
- Não é disso que estou falando, seu bobo. É dessas coisas que limitam a vida da pessoa. Eu não tenho nada disso, até acho muito conveniente, mas não tenho.
- Sei, essas coisas incapacitantes...
- É. Você, por exemplo. Tem medo de mariposa. Até grita de medo, sai correndo do quarto. É disso que eu tô falando.
- Bom, é, mas veja bem... O problema é que isso desencadeia uma crise.
- Como assim? É incrível, você tem medo de mariposa mas não tem medo de barata.
- É que barata eu posso matar. Porque eu tenho um medo americano de mariposa, mas não posso matar, porque as pessoas dizem: "ah, coitadinha, é um bicho que não faz mal a ninguém..."
- Medo americano? Como assim?
- Medo americano, essa vontade louca de matar. Americano não mata tudo que dá medo neles? É assim.
- Hahahahaha. Entendi. Você tem um medo americano de mariposa, mas tem culpa de matar.
- É.
Pois é, esse é o meu primo André.

2 comentários:

vanessa reis disse...

muito bom. mas se parece no "É." era mais ainda. sem explicar quem é o que.
muito bom...
=)

Renata Moura disse...

Essa eu nunca tinha escutado!!
Seu primo tem que participar do GGF!!
bjs,
Renata