segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Conflito de gerações

Pesquisando para uma matéria sobre as diferentes gerações que estão no mercado de trabalho, encontrei artigos que explicam todo esse babado de Geração X, Y, Z e o escambau. Nunca antes na história deste capitalismo selvagem cinco gerações diferentes conviveram no mercado de trabalho.
De cara, já dá a impressão de que nunca os intervalos entre as gerações foram tão curtos. Hoje temos pessoas de 70 anos trabalhando com outras de 18, e não é de se espantar que as visões de mundo sejam tão diferentes. Uns nasceram pouco depois da invenção do raio X, enquanto outros foram esquadrinhados antes de nascer por pelo menos cinco exames de ultrassom e graças a isso seu quarto já era azul ou rosa meses antes do parto (acho que isso não mudou, que pena).
Muita gente reclama da Geração Y, que dizem ser mais comprometida com suas próprias vontades do que com as empresas. Bom, pelo menos alguém está começando a ficar esperto, né? Em um texto que traduzi recentemente, um consultor americano de RH dizia, sobre essa postura da Geração Y, que isso acontece porque um motivo muito simples: as empresas falharam com seus funcionários em momentos difíceis. "Hoje, as relações de trabalho são muito mais transacionais, e as pessoas se preocupam com sua carreira. Os funcionários querem desenvolver habilidades que os tornem 'portáteis'; ou seja, não vão se interessar para aprender aquilo que só seja aplicável à empresa para a qual trabalham."
Não é óbvio ululante?
Tenho pra mim que apesar de ter nascido na Geração X, já sou algo como um Y bemol. Tem certos sapos que nunca engoli...
Mas tudo isso me fez pensar mesmo em várias mulheres profissionais que conheço na casa dos 50 e poucos anos. Tenho amigas e pessoas com quem trabalho nessa faixa etária, e acho que são as que mais estão sofrendo com as mudanças.
Porque essa geração de mulheres foi a primeira no Brasil que teve a oportunidade de se dedicar à carreira. Foi a primeira geração que não teve a família como primeira opção. Para conseguirem sobreviver, tiveram de adotar as "táticas" do mundo em ação, o jeito masculino de se impor no grito se necessário. Às vezes autoritárias, às vezes complacentes, superprotetoras. Mães como provavelmente foram as mães delas. Admiro muito mesmo essas mulheres e agradeço o caminho que foi aberto para as gerações seguintes. Hoje, se temos escolha, devemos a essas guerreiras.
Mas antes que adoeçam, antes que se tornem mais uma estatística de doenças que antes só acometiam os homens, está na hora de procurar um respiro. De tentar entender que a nova geração, por mais individualista que possa parecer, tem muito de autopreservação a ensinar. E, vamos combinar, um mundo menos hierárquico não seria muito mais humano?

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