Diante da minha disposição para as trilhas, cachoeiras e caminhadas na viagem para a Chapada dos Veadeiros, minhas amigas já tinham chegado à conclusão de que eu teria sido abduzida e que o ser que habitava meu corpo não era o mesmo que elas conheciam.
Além de fazer questão de cultivar a fama de não gostar de exercício, nem de mato, ano passado minha reputação ficou definitivamente arrasada quando decidimos subir a Pedra Grande, da Serra da Cantareira, num domingo.
No meio da subida de mais de três quilômetros, com a perna doendo e totalmente sem fôlego, comecei a me perguntar o que estaria eu fazendo ali, procurando macacos no topo das árvores, enquanto lá embaixo, na Paulista, rolava a Parada, onde uma fauna muito mais divertida caminhava no plano, dando risada e ouvindo música.
Hoje comecei a me perguntar se realmente ainda era o mesmo ser que habitava esse corpo, na aula de hidroginástica. A professora, que reputa o refrão "viver, e não te a vergonha de ser feliz" como o mote de sua vida, ama Gonzaguinha e decidiu nos brindar com o bardo na hora do relaxamento.
O estranho é que isso não está me irritando. Hoje até acompanhei uma das músicas, que diz "ao som desse bolero, vida, vamos nós, e não estamos sós...". Meu pai vivia cantarolando esses versos, sem saber como a música continuava, e voltando sempre para o mesmo ponto. Ele ensinou a gente a gostar de músicas boas, depois desencanou e hoje gosta de coisas como Gaúcho da Fronteira.
Então talvez eu não tenha sido abduzida, talvez simplesmente seja filha do meu pai.
Um comentário:
Uhuhu! E viva a maturidade... ahaha... tô de sacanagem... o dia q esse ser q habita seu corpo decidir fazer uma caminhada ecológica, pode me chamar! Mas Gaúcho da Fronteira?? Esse é um dos meus preconcenitos... rs... bj Sill
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