Ir ao cartório representa um sofrimento inenarrável para mim. Enfrentar aquela burocracia é algo excruciante. Penso que o Brasil está melhorando, e daí me lembro dos cartórios e quero chorar. Acho que só podemos pensar em algum avanço real (especialmente de mentalidade) no dia que essa instituição, aliada inseparável da burocracia, for extinta.
Às vésperas de viajar, precisei fazer uma procuração pública para deixar para o contador. Custa a módica quantia de R$ 142 e uns quebrados. Segundo consta, desde o escândalo com a quebra do sigilo bancário da filha do Serra, o governo resolveu complicar a vida de quem pede informações para a Receita Federal. Antes você mandava seu contador lá com uma procuração feita em casa e tudo bem.
Agora, tem de ir ao cartório, sentar na frente da escrevente e criar com ela um lindo texto cheio de salamalaques linguísticos para então seu contador ir na Receita e dizer: olha, vocês estão dizendo que a gente não pagou, mas pagou.
Pior é que isso também é necessário para quem sabe que não pagou e quer pagar. O dono da empresa manda o contador lá dizendo: devo, não nego, pago já. Não adianta. Jamais haveria um benemérito capaz de se oferecer para ir até a Receita, ficar na fila e saldar suas dívidas fingindo que é você. Mas o pessoal da Receita acredita em Papai Noel, então benemerência só com procuração pública.
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