A lição de ontem foi um exercício futurológico. Agora a gente teve de escrever para nós mesmos velhinhos. Aí ficou assim:
"Cara eu mesma velhinha,
É engraçado, sabe? Sua imagem para mim é nítida. Cabelos sem tinta. Cachos azulados, talvez, com essas rinsagens antigas. Vai ser bem legal ser uma velha de cabelo roxo. Um pouco mais gordinha, claro. Esses culotes não vão sumir.
Já pensei tanto em você sozinha, numa casa gostosa, cheia de amigos de todas as idades, que é difícil conciliar essa ideia com meus próprios desejos. Porque hoje tenho vontade de ter uma família. Você sabe que filho sem pai não é comigo. Para mim, filhos sempre foram a consequência de um casamento feliz.
Não que eu tenha a ilusão do pra sempre, como eu te disse quando criança. Sei que a vida dá voltas e hoje tenho alguma experiência nisso, para o bem ou para o mal. Mas o começo precisa ser muito bom, você não concorda? Um pouco de segurança, um conforto de saber que ao seu lado há alguém para o que der e vier.
Talvez quando você estiver aí cozinhando e tocando a nossa hospedaria, ou algum outro negócio, você imagine que eu tenha deixado escapar oportunidades. Que no fim a gente daria um jeito. Afinal, foram tantas coisas que fizemos sozinhas, com essa independência que tanto assusta as pessoas.
Me desculpe se você se sente só. Espero sinceramente que ainda dê tempo de encontrar alguém que me faça sentir a segurança de que preciso. Eu já senti isso, você sabe. E confio ainda vou sentir de novo. Torça por nós. Assim, vou poder criar uma nova imagem de você, ainda fazendo um monte de coisas, mas cercada de netos e bichos.
Com carinho,
Eu, hoje"
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