segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Presentes de grego

Minha mãe sempre teve um critério estranho para presentear as pessoas, especialmente se elas fossem mais ricas que nós. Para ela, era preciso sempre surpreender e dar alguma coisa de que a pessoa realmente gostasse. Mesmo que a gente não tivesse nada parecido, e que custasse muito mais do que meu pai podia pagar.
Com a gente, porém, houve momentos bizarros. Quando eu comecei a ganhar meu dinheiro e a gastá-lo loucamente com roupas e sapatos, minha mãe chegou à conclusão de que eu não precisava de nada. Então, no meu aniversário, decidiu me dar coisas úteis, que eu não me lembrava de comprar: uma tesourinha de cortar unhas e um guarda-chuva.
Estava agora olhando para uma lata de torrones italianos e foi aí que me lembrei desses presentes de grego. A lata é bonita, e veio cheio de torrones macios. Mas eu não gosto de torrones. Acho que a receita deve levar a mesma essência do panetone e de outros doces italianos. Não gosto de nada disso.
Foi o último presente de aniversário que ganhei do meu ex-marido. Era exatamente o momento em que estávamos nos separando. Eu estava deprimida e gorda, e passava horas na frente da televisão comendo doces. Nada mais lógico do que ganhar mais uma lata de doces, não é mesmo?
Todas essas experiências, na verdade, me deixaram bem calejada e me prepararam para a vida. Que venha o amigo secreto de Natal!

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