Minha mãe sempre teve um critério estranho para presentear as pessoas, especialmente se elas fossem mais ricas que nós. Para ela, era preciso sempre surpreender e dar alguma coisa de que a pessoa realmente gostasse. Mesmo que a gente não tivesse nada parecido, e que custasse muito mais do que meu pai podia pagar.
Com a gente, porém, houve momentos bizarros. Quando eu comecei a ganhar meu dinheiro e a gastá-lo loucamente com roupas e sapatos, minha mãe chegou à conclusão de que eu não precisava de nada. Então, no meu aniversário, decidiu me dar coisas úteis, que eu não me lembrava de comprar: uma tesourinha de cortar unhas e um guarda-chuva.
Estava agora olhando para uma lata de torrones italianos e foi aí que me lembrei desses presentes de grego. A lata é bonita, e veio cheio de torrones macios. Mas eu não gosto de torrones. Acho que a receita deve levar a mesma essência do panetone e de outros doces italianos. Não gosto de nada disso.
Foi o último presente de aniversário que ganhei do meu ex-marido. Era exatamente o momento em que estávamos nos separando. Eu estava deprimida e gorda, e passava horas na frente da televisão comendo doces. Nada mais lógico do que ganhar mais uma lata de doces, não é mesmo?
Todas essas experiências, na verdade, me deixaram bem calejada e me prepararam para a vida. Que venha o amigo secreto de Natal!
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