"... a praia é um lugar franco, transparente, aberto ao céu, 'como uma boca ou uma ferida', como Camus dizia de Argel e das cidades que dão para o mar. 'Gozá-la é conhecê-la'. Tudo está ali, revelado, explícito: o que se vê é o que existe. Estamos no império do visível; não há fundos falsos nos quais se esconder nem margem para segredos. Os enigmas não cabem na lógica da praia. Se a areia e o mar a pleno sol podem servir de cenário para um crime, não será sem dúvida o crime encriptado do gênero policial, que demanda um detetive que o decifre, mas o crime idiota, insensato, absolutamente exterior – o que Mersault comete em O estrangeiro, por exemplo –, que só exige um espectador capaz de contemplá-lo perplexo."
Trecho de La vida descalzo, de Alan Pauls, tradução minha, que me remeteu ao curta do meu amigo Marcio, Tauri, nos melhores festivais do ramo.
Me lembrei também daquela novela dos mutantes, da Record. O único capítulo que vi tinha uma transformação e uma briga na praia, de dia. Na época, comentei com meu amigo que estava ali assistindo comigo que não existe efeito especial que resista ao sol de meio-dia do Rio de Janeiro. Alan Pauls não me deixa mentir...
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